SOBRE O CURSO
A partir do momento em que os africanos se encontram com o cristianismo, celebram o seu casamento em três fases: segundo o costume (casamento consuetudinário ou africano), no cartório (casamento civil), e na Igreja (casamento cristão)”. Cada forma de celebrar o matrimônio está ligada a uma história com exigências próprias. Mas é o mesmo casamento que se celebra e são os mesmos cônjuges que são obrigados a seguir esse procedimento para consolidar o seu vínculo. Indivíduo nenhum é socialmente casado de fato em Angola, se este complexo processo não for respeitado.
Ao seguir este procedimento, isto é, celebrando os três casamentos, os cônjuges mostram que há algo errado na formação do seu vínculo, pois faz-se a seguinte pergunta: quando exatamente o casamento é consumado? Diante das famílias, na conservatória ou na Igreja? O consentimento dado perante a família tem o mesmo valor que o expresso perante o funcionário do Estado ou o sacerdote religioso? O consentimento só o é se for submetido à aprovação da Igreja? Responder a essas questões torna-se fundamental para entender e superar os problemas causados por essa situação.
Curiosidades
MULTIPLICAÇÃO DA CELEBRAÇÃO
A multiplicação da celebração do mesmo casamento é uma prática que mal funciona na África e tem tido consequências embaraçosas, sendo geradora de uma crise sociorreligiosa. A tríplice celebração do mesmo casamento sempre suscitou fortes reações e continua a ser manchete nos círculos eclesiásticos africanos.
CASAMENTO CRISTÃO
Na igreja primitiva não há comprovação de uma forma especificamente cristã de matrimônio. A questão das formas de conjugalidade não é abordada (na bíblia de forma clara) […] se não apenas nos limites das práticas de seus contextos culturais, históricos e teológicos. O casamento sempre existiu em círculos convertidos ao cristianismo, mesmo antes do cristianismo se enraizar na África. O casamento cristão, da maneira como o conhecemos hoje, não surgiu automaticamente junto com o cristianismo.
DESVALORIZAÇÃO DO ALAMBAMENTO
A exigência de três celebrações desvaloriza o casamento consuetudinário, essencial na cultura africana, enquanto custos elevados e burocracias dificultam sua realização, especialmente em um contexto de pobreza. O fenômeno reflete tensões entre tradição e modernidade, ressaltando os desafios da integração entre valores africanos e normas externas. Conclui-se que repensar essas práticas é necessário para promover soluções mais inclusivas e sustentáveis, que respeitem a identidade cultural angolana e respondam às demandas econômicas e sociais contemporâneas.
MUDANÇA DE PARADIGMA
Um dos objetivos centrais do curso é mostrar como é possível encontrar caminhos para harmonizar essas três celebrações, promovendo o respeito às tradições culturais, o cumprimento das exigências legais e a vivência da fé religiosa. Movimentos de estudiosos africanos estão transformando a visão de casamento no país, questionando os paradigmas atuais, incentivando diálogos sobre as consequências sociais, econômicas e espirituais dessas mudanças no panorama angolano.
AGENDA
01/02/2025 - Aula 01
Introdução ao assunto.
Casamento cristão é a única forma de casal valido?
Casamento africano ou alambamento pode ser considerado como valido?
Quebra de paradigmas
08/01/2025 - Aula 02
As diversas formas de casamento instituídas em Angola.
A multiplicação de celebrações do mesmo casamento
A crise na instituição do casamento em Angola.
15/02/2025 - Aula 03
Problemas causadas com a imposição de tríplice celebração do mesmo matrimonio.
Problemas teológicas, antropológicas, cultural e econômicas.
Caminhos de superação dos problemas
22/02/2025 - Aula 04
A revalorização do casamento africano
Uma teologia bíblica sobre a doutrina do casamento.
A unificação das celebrações: aspectos culturais, civil e religioso
Professor
JOÃO ANDRÉ FLORENTINO
Pastor na Igreja Batista Catuaí, João é Mestre em Teologia e Espaço Publico, e pesquisa casamento em Angola como gerador de crise sociorreligioso, Teologia africana, Falsos profetas africano e outros temas.
